É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo." (Clarice Lispector)

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Em casa estranha, Mãe adotiva ...Decepção!



E lá ia eu, sentada na garupa de um homem estranho, que dizia que dali em diante seria meu pai.
E eu me perguntava: Como ele poderia ser meu pai se eu já tinha um pai?
Um pai perverso e que nos abandonou, mas um pai.
E como poderia ter outra mãe, se a minha havia morrido? Mas não dizia nada disso a ele, sentia que tinha que ser grata, afinal ele estava me levando pra casa dele, que com certeza deveria ser bem melhor que a minha.
Por um lado eu sentia uma alegria disfarçada, mas ao mesmo tempo me sentia culpada por deixar meus irmãos pra trás.
E lagrimas vinham aos meus olhos , mas rapidamente me livrava delas. Não queria que ele me visse chorar.
Finalmente chegamos, era uma casa linda, grande, com um jardim na frente, cheio de rosas.
Uma escada levava até a porta da sala.Uma sala ampla e muito bonita.Eu estava encantada, não tirava os olhos da casa, dos móveis e ele me puxando pela mão me levou até a cozinha, onde estava a empregada, que me olhou espantada e disse: Oi menina.Eu me sentia vergonha ,então  me escondi entre as pernas dele.
Ela riu e disse, Bicho do mato.
Mas quando "minha mãe" chegou, ai sim eu me senti como um bicho do mato.
Ela trouxe de presente um sapatinho de bebe, rosa. 
Eu só fui entender aquele olhar de decepção, quando ela disse, 
Puxa pensei que fosse um bebe, ela já é grande.(6anos)
Senti que ele não havia dito a ela minha idade, e ela ficou decepcionada, porque queria um bebe. mas e agora?
Não dava mais pra devolver.
A raiva e a decepção ardiam nos olhos dela, e por alguns instantes eu queria sumir dali.Sentia que dali em diante minha vida não seria mais a mesma. Se nunca tinha tido amor de mãe, agora então isso seria impossivel.
Ele me pegou pela mão e me levou pro banho, mandou a empregada, me dar um bom banho e me dar uma roupa limpa pra vestir.
Fiquei pasma com o chuveiro, sabonete, vaso sanitario, tudo me encantava...
Depois do banho...O almoço...meu Deus foi horrivel!
Sandra

6 comentários:

J Araújo disse...

Não sei se é um conto ou uma história verídica; a verdade é que comove o desabafo com um coraçaõ cheio de amargura. Conto ou história, parabéns pela desenvoltura da narrativa.

Bj no coração querida.

Ingrid disse...

e a realidade querida Sandra...
beijo.

Sueli disse...

Amiga, a cada dia que passa, mais aumenta minha admiração por você! Beijo grande!

Phivos Nicolaides disse...

Lindo blog and music too. Abracos

Elaine Barnes disse...

Amiga você é maravilhosa! Sua intuição nunca a abandonou e hoje compreendo que ela era sua única aliada de verdade.Até hoje é sua grande amiga. Montão de bjs e abraços

Luis Nantes® disse...

Oi Sandra, meu anjo!! Que história comovente a sua, viu? Aguardo o desfeixo, tá?
Beijos