É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo." (Clarice Lispector)

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Depois da partida...

O pai partiu...
A miséria se tornou ainda maior.Minha mãe trabalhava todo o dia, mas o que ganhava não dava. para pagar o aluguel e ainda nos manter.
mesmo morando em uma tapera. Éramos explorados pelo dono da casa. Um cabo da policia.
Se queríamos comer carne meu irmão caçava passarinho.
Certo dia ele pulou no quintal do vizinho e roubou algumas folhas de couve.
O vizinho viu, contou a minha mãe e ...Surra,castigo, ela nos colocava de joelhos sobre tampinhas de garrafa.
Os joelhos sangravam, porque não podíamos encostar. então todo o peso do corpo era jogado nos joelhos e conseqüentemente sobre as tampinhas.
Não acho que minha mãe tenha sido cruel com agente, apenas achava que esta era a melhor maneira de nos corrigir.
Mas a dor era terrível. E quando saiamos, ela não curava as feridas, nos mandava dormir.
Durante a noite eu ouvia os gemidos de meu irmão e pensava, Nunca, vou fazer isso com meus filhos.
Morávamos nos fundos da APAE.
O dia mais feliz pra nós era quando eles faziam festas lá, e jogavam o que sobrava do outro lado do muro que era um pasto.
Junto com o lixo.Quando ouvíamos que tinha festa já ficávamos a espreita. Comíamos os restos, fazíamos a nossa própria festa. E nunca tivemos nojo, não tínhamos esse direito.Esse privilégio.
Simplesmente comíamos e eu dava pro meu irmãozinho, sempre grudado nos meus quadris.
Nunca ficamos doentes por isso.
Acredito realmente que Deus guarda os bêbados e as crianças, mais que aos outros.
O melhor dos dias eram as brincadeiras...Eu como sempre fui hiperativa, subia até no bambuzal, só pra descer e ve-lo voltar e dar lambada em quem estava atrás.. Brincávamos livres por aqueles cantos, matos, agua.Éramos bichos soltos, livres o dia todo. Mas sabíamos que não podíamos fazer nada de errado, porque a surra seria doída.
Ninguém ia a escola ainda. Nem meu irmão mais velho, porque saia todo dia pra ganhar uns trocados.
As vezes ganhava as vezes não. O que minha mãe ganhava ela dividia entre pagar uma casinha que estava comprando e fazer a despesa de casa. Ou seja comprar , feijão açúcar e fósforo.
Vez ou outra uma roupinha, pra um ou outro. Porque aproveitávamos as roupas uns dos outros, até que acabassem.
Mas não nos importávamos com isso. Me lembro de meu irmão do meio Otoniel, chorar porque queria o carrinho do vizinho, filho do dono da casa.
O menino brincava perto do portão para que víssemos tudo que ele tinha. Eu pegava meus irmãos e levava pra dentro.
Brincava com eles pra que esquecessem. E eu tinha apenas cinco anos...
Sandra

10 comentários:

Chris B. disse...

Sandrinha, hoje eu venho deixar o meu beijo especial para ti e o desejo de um fim de semana lindo!

Adoro imenso ler-te, e principalmente, saber mais sobre ti... mas hoje, em especial hoje, não irei ler esta parte da sua biografia porque meu coração fica bem apertadinho o dia todo... vou deixá-la para ler amanhã de manhã.

Quero que saibas que és muito importante para mim! Tu és uma amiga que faz-me sentir muito bem sempre por todo carinho que dedicas... este ano, tu fostes um presente, assim como outros amigos!

Um beijo especial no teu coração,
pat.

Marcia M. disse...

SANDRINHAhoje quero lhe dizer algo especial,como vc tem nos feito bem...com esses posts,as vezes reclamamos tanto e esquecemos do quanto vencemos,um beijo do mar...

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Minha querida

Lindo e tocante demais...para pensar, principalmente nesta época de Natal.

Deixo um beijinho com carinho
Sonhadora

Valquíria Calado disse...

Olá, vim deixar um carinho de amiga, com abraços de paz, beijos no teu coração.♥

Olavo Bilac

Natal


Jesus nasceu. Na abóbada infinita
Soam cânticos vivos de alegria;
E toda a vida universal palpita
Dentro daquela pobre estrebaria...

Não houve sedas, nem cetins, nem rendas
No berço humilde em que nasceu Jesus...
Mas os pobres trouxeram oferendas
Para quem tinha de morrer na cruz.

Sobre a palha, risonho, e iluminado
Pelo luar dos olhos de Maria,
Vede o Menino-Deus, que está cercado
Dos animais da pobre estrebaria.

Não nasceu entre pompas reluzentes;
Na humildade e na paz deste lugar,
Assim que abriu os olhos inocentes
Foi para os pobres seu primeiro olhar.

No entanto, os reis da terra, pecadores,
Seguindo a estrela que ao presepe os guia,
Vem cobrir de perfumes e de flores
O chão daquela pobre estrebaria.

Sobem hinos de amor ao céu profundo;
Homens, Jesus nasceu! Natal! Natal!
Sobre esta palha está quem salva o mundo,
Quem ama os fracos, quem perdoa o mal,

Natal! Natal! Em toda a natureza
Há sorrisos e cantos, neste dia...
Salve Deus da humildade e da pobreza
Nascido numa pobre estrebaria.

FELIZ NATAL!

Valquíria Calado disse...

Olá, vim deixar um carinho de amiga, com abraços de paz, beijos no teu coração.♥

Olavo Bilac

Natal


Jesus nasceu. Na abóbada infinita
Soam cânticos vivos de alegria;
E toda a vida universal palpita
Dentro daquela pobre estrebaria...

Não houve sedas, nem cetins, nem rendas
No berço humilde em que nasceu Jesus...
Mas os pobres trouxeram oferendas
Para quem tinha de morrer na cruz.

Sobre a palha, risonho, e iluminado
Pelo luar dos olhos de Maria,
Vede o Menino-Deus, que está cercado
Dos animais da pobre estrebaria.

Não nasceu entre pompas reluzentes;
Na humildade e na paz deste lugar,
Assim que abriu os olhos inocentes
Foi para os pobres seu primeiro olhar.

No entanto, os reis da terra, pecadores,
Seguindo a estrela que ao presepe os guia,
Vem cobrir de perfumes e de flores
O chão daquela pobre estrebaria.

Sobem hinos de amor ao céu profundo;
Homens, Jesus nasceu! Natal! Natal!
Sobre esta palha está quem salva o mundo,
Quem ama os fracos, quem perdoa o mal,

Natal! Natal! Em toda a natureza
Há sorrisos e cantos, neste dia...
Salve Deus da humildade e da pobreza
Nascido numa pobre estrebaria.

FELIZ NATAL!

Ricardo Miñana disse...

En estas fiestas tan entrañables,
en las que vivimos la ilusión y
recordamos a los que ya no están,
con mis mejores deseos de felicidad
deseo pases una feliz Navidad,
junto a tus familiares y amigos.

¡¡FELIZ NAVIDAD!!

Un abrazo.

Anônimo disse...

" Guardo-te num terno entardecer
Que vejo da janela do meu coração.
Os ventos trazem teu perfume.
O silêncio ...
Uma saudade que não cala. "

( Bruno de Paula )

Feliz Domingo....Beijos meus! M@ria

Elaine Barnes disse...

Nem toda essa crueldade endureceu seu coração. Parabéns por ter conseguido superar tudo isso e tornado-se o melhor chocolate que existe.

Silenciosamente ouvindo... disse...

Cá estive de novo. Beijinho

Anônimo disse...

Achei que com a saída de seu pai podesse melhorar um pouco as coisas mas...o sofrimento continuou heim minha flor!!!
Essa da tampinha me doeu,mexeu comigo.
São marcas inesquecíveis,consegue viver bem com elas e com louvor porque és uma mulher alegre apesar dos atropelos.
Eu vou te parabenizar pela coragem de nos dividir esses fatos tão lamentáveis com a gente.
Beijos minha linda.